Porque não abre o novo Museu dos Coches?...

22-10-2013 15:48

 

Desde final de 2012 que está pronto o novo Museu dos Coches, em Lisboa, dois anos após do arranque oficial das obras (e que foi pago com as receitas provenientes do Casino de Lisboa). O natural seria que, a breve prazo, se procedesse à abertura do novo espaço, substituindo o edifício que alberga atualmente os centenários Coches. Contudo, veio recentemente a público a notícia de que o novo Museu só seria inaugurado em 2015, ou seja, daqui a dois anos, sendo a questão dos custos de manutenção o principal argumento para a não abertura.

Ora, tendo em conta o montante avançado pelo Sr. Secretário de Estado da Cultura relativo a estes custos, que andariam à volta dos 3 milhões de euros por ano, é de estranhar que seja esse o argumento para a não abertura do novo Museu.

De facto, e considerando os 3 milhões de custos anuais, pode-se demonstrar que o novo Museu poderá gerar receitas superiores, com um adequado modelo de negócio:

  • Podemos considerar que, com o novo Museu e com uma adequada política de promoção, poderá haver um aumento do número de visitantes em, pelo menos 25%, passando dos atuais 200 mil visitantes anuais para cerca de 250 mil. Este número será facilmente atingido, dado que é preciso não esquecer que Lisboa é atualmente uma cidade da “moda”, que tem ganho vários prémios internacionais de “melhor destino” turístico, e que tem recebido um número crescente de turistas, quer através das companhias low costs quer através das centenas de cruzeiros que fazem escala em Lisboa;
  • Se considerarmos um preço médio de entrada de 10€ (dado que poderá haver preços diferenciados por público alvo - com os estudantes e idosos com preços mais acessíveis e com preços mais elevados para os turistas, por exemplo), poderemos ter uma receita de bilheteira de 2,5 milhões de euros (considerando os 250 mil visitantes anuais);
  • A isto, podemos juntar as receitas provenientes do aluguer dos espaços para eventos, nomeadamente do Auditório e dos espaços exteriores, que podem ser utilizados para conferências, workshops, jantares de empresa, desfiles de moda, lançamentos, etc.;
  • Há também que contar com as receitas da concessão dos espaços de catering (bar/restaurante);
  • O merchandising - quer venda local quer virtual – poderá constituir também uma fonte considerável de receita, à semelhança do que acontece nos principais museus internacionais;
  • Os patrocínios ao Museu são também uma potencial fonte de receitas, quer em relação ao Museu como um todo quer em relação a determinados espaços patrocinado por empresas privadas (à semelhança do que acontece lá por fora).

Estes são alguns exemplos de iniciativas que permitem constatar que não seria difícil atingir os 3 milhões de euros de receitas, o suficiente para cobrir os custos anuais de manutenção. Contudo, outras iniciativas poderiam ser pensadas de forma a captar receitas e novos públicos, além de que há que referir que, com a abertura do novo Museu, deixa de haver os custos associados ao Museu atual, que entretanto será desativado (custos próximos do 1 milhão de euros).

Ou seja, há que perguntar qual a razão para que o Museu fique mais dois anos fechado ao público, dado que não acredito que a atual “equipa da Cultura” não tenha já feito (ou pensado) nestas contas e percebido que, de facto, o novo Museu é viável e rentável. Por este andar, será o futuro Ministério da Cultura a inaugurar o novo Museu, daqui a 2 anos...