Open Innovation e o futuro das políticas de inovação

28-02-2013 08:22

 

A investigação e os resultados empíricos demonstram que existe uma forte correlação entre a aposta na inovação e no crescimento económico, a médio e longo-prazo. Os países com tradição nas políticas de inovação (educação/formação, ciência, I&D, desenvolvimento tecnológico e não-tecnológico, cooperação e redes) tendem a ser aqueles que conseguem alcançar níveis mais elevados de crescimento (medido, por exemplo, pelo PIB per capita).

 

Os desenvolvimentos que tem ocorrido na economia mundial nas últimas décadas têm trazido um desafio interessante às políticas públicas: de que forma é que questões como o desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação (TIC), a divisão do trabalho resultante da globalização, o desenvolvimento dos mercados de intermediação tecnológica e comercialização de ideias, o outsourcing, as redes colaborativas ou o desenvolvimento e massificação da Internet podem ser acomodadas e ter resposta ao nível do desenho das políticas de inovação?

 

Há cerca de dez anos, surgiu o conceito de open innovation, que reúne e integra um conjunto de desenvolvimentos, práticas e atividades já existentes, mas que são potenciadas pelas alterações recentes das economias globais e visam dar uma resposta mais eficaz aos problemas com que as empresas e os outros atores dos sistemas de inovação se defrontam. Henry Chesbrough, o “pai” do conceito, define open innovation como “os fluxos de entrada e saída de conhecimento e tecnologia da empresa, que permitem à empresa acelerar o seu processo de inovação, bem como alargar e penetrar em novos mercados para a utilização externa dessa inovação”.

 

Ou seja, e de uma forma muito resumida, o que a open innovation nos vem dizer é que as empresas devem utilizar e incorporar nas suas atividades o conhecimento produzido externamente (por clientes, fornecedores, universidades, concorrentes, etc.), em vez de quererem inventar e produzir tudo internamente; que as ideias e conhecimento que vem de fora da empresa tem tanta importância do que as ideias e conhecimento produzido na própria empresa; que as empresas podem ter um maior retorno se disponibilizarem a sua propriedade intelectual a outros, para que possa ser explorada e rentabilizada no mercado (em vez se apropriarem na totalidade das suas patentes e outros direitos, que muitas vezes não se transformam em produtos); que a inovação é colaborativa e que a partilha de conhecimento pode gerar maior valor acrescentado.

 

O conceito de open innovation traz um novo desafio para todos os atores que se relacionam com as empresas, mas também para as entidades públicas responsáveis pelas políticas de inovação, dado que estas tem a capacidade de desenvolver iniciativas e de criar um enquadramento favorável (ou não) a uma inovação mais aberta. Isto é crítico não só para os países mais avançados tecnologicamente, mas também para os países moderadamente inovadores, como é o caso de Portugal. Neste sentido, interessa saber se as empresas e os agentes económicos em Portugal estão preparados para uma inovação mais aberta (tecnologicamente e culturalmente), quais as implicações para as políticas públicas (incentivos; governance) e se a open innovation pode constituir um novo quadro conceptual de desenvolvimento das políticas de inovação e de crescimento em Portugal.  

 

Estas são as questões a que procurarei dar resposta dentro de dois anos, no âmbito do meu Doutoramento em Economia.